segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Intolerância?

Há catorze anos, um pastor da Igreja Universal do Reino de Deus protagonizou uma cena que provocou indignação entre os fiéis católicos do Brasil. Para quem não se lembra ou não viu o ocorrido, vou relatar o que aconteceu: ele chutou uma imagem da santa considerada padroeira do Brasil – Senhora Aparecida. Detalhe: em pleno dia 12 de outubro, data comemorativa à santa.

A atitude do pastor, que, a priori, aparenta intolerância religiosa, apenas rasgou o véu e revelou o quão católicos e evangélicos divergem em vários pontos. Mas o pior, foi a partir deste episódio que a mídia demonstrou a que segmento religioso ela favorece – claro, me refiro, sobretudo, à Rede Globo de Televisão. Mas não é esse o foco desta breve análise.

Se você, que ora lê esse texto, acha que, pelo que foi dito, a atitude do pastor foi de intolerância religiosa, certamente deve rever seus conceitos. A atitude em si foi infeliz, porque ele desrespeitou a religião de milhões de pessoas. Porém, analise o intuito dele: mostrar como o Brasil, um País que tem tanto pela frente, tem como protetora uma “senhora” e não “O Senhor”.

Ora, Davi declarou no Salmo 33 versículo 12: “Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor”. Se você acha que falo somente do ponto de vista protestante sobre a questão da padroeira do Brasil, deveria ler os livros de História Antiga, pois lá está registrado que cada cidade era “protegida” por uma divindade [um/a deus/a]. Assim também era a tradição romana: cada cidade tinha seu/sua padroeiro/a.

Parecido com o Brasil, não é mesmo? Sim, é sim. Basta ver o que é feito todos os anos no dia 12 de outubro: em Aparecida do Norte/SP, onde fica localizado o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, milhares de fiéis católicos se reúnem para celebrar o dia da sua padroeira, adorando – não há outro termo – uma imagem encontrada há alguns séculos, por simples pescadores de um povoado, onde hoje fica a cidade.


Santuário dedicado a Senhora Aparecida, na cidade de Aparecida do Norte/SP.

Então você pode perguntar: adorar a imagem? Não seria “venerar”? Há uma linha tênue entre cultuar e venerar. Mas, para que não haja dúvidas quanto a estes termos, vejamos como o Dicionário Aurélio os define:

CultuarRender culto a: adorar imagens.
Venerar - Render culto a; reverenciar: venerar os santos. Ter em grande consideração; respeitar, acatar: venerar os pais.

Em outras palavras, adorar é mais que venerar. Afinal, eu venero minha mãe, ou seja, a respeito, porém, não mando fazer uma imagem de escultura dela e fico me prostrando perante a mesma. Além do mais, veneração tem um limite, pois pára no respeito, já adoração é um amor incondicional, é ter algo ou alguém acima de todas as coisas.

Voltando ao caso do pastor: ele pregava, naquela ocasião, sobre o que diz o texto do Salmo 115. Vou transcrevê-lo aqui para melhor compreensão:

1 Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade.
2 Por que perguntariam as nações: Onde está o seu Deus?
3 Mas o nosso Deus está nos céus; ele faz tudo o que lhe apraz.
4 Os ídolos deles são prata e ouro, obra das mãos do homem.
5 Têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem;
6 têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram;
7 têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta.
8 Semelhantes a eles sejam os que fazem, e todos os que neles confiam.
9 Confia, ó Israel, no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo.
10 Casa de Arão, confia no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo.
11 Vós, os que temeis ao Senhor, confiai no Senhor; ele é seu auxílio e seu escudo.
12 O Senhor tem-se lembrado de nós, abençoar-nos-á; abençoará a casa de Israel; abençoará a casa de Arão;
13 abençoará os que temem ao Senhor, tanto pequenos como grandes.
14 Aumente-vos o Senhor cada vez mais, a vós e a vossos filhos.
15 Sede vós benditos do Senhor, que fez os céus e a terra.
16 Os céus são os céus do Senhor, mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens.
17 Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio;
18 nós, porém, bendiremos ao Senhor, desde agora e para sempre. Louvai ao Senhor.


Não é preciso ter muito estudo para entender o recado de Deus para todos nos versos acima citados: NÃO HÁ OUTRO DEUS FORA O DEUS DE ISRAEL, O SENHOR DO UNIVERSO. O pastor, dentro do contexto do texto sobre o qual pregava, falava sobre como Deus Se irrita daqueles que se prostram perante imagens de escultura, ficando estes iguais a elas: têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram; têm mãos, mas não apalpam; têm pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta.

Se a atitude do pastor foi de intolerância religiosa, o que demonstram os versículos transcritos?

Mas pensando bem, a atitude do pastor foi, sim, de intolerância... Intolerância à mariolatria – adoração à figura da mãe de Jesus – que é praticada pelo Brasil a fora, intolerância a uma prática pseudo-cristã.

Deus foi intolerante quando proibiu o povo de Israel de fazer ou adorar imagens de escultura? Acaso Deus feriu o sentimento religioso de algum povo que tinha tal prática? Sim, Deus feriu... Do ponto de vista humano.

Mas não falamos de qualquer ser, falamos do Senhor do Universo, Criador de todas as coisas. Não fez Deus o homem para que este adorasse a outrem, se não a Ele. Até parece que Deus vai Se agradar da prática idolátrica dos homens.

Por toda a Bíblia temos a proibição expressa de Deus quanto à prática da idolatria. Ter outros deuses é não reconhecer a suficiência Divina. Vários povos assim agiam na antiguidade: tinham diversas divindades. Isso advinha da necessidade de explicar acontecimentos que eles não entendiam. Contudo, o Deus dos deuses Se revelou à humanidade. Não mais é um “deus desconhecido”.

Mas aí há uma questão que muitos levantam: Deus não mandou fazer imagens? Os tais se referem aos querubins em cima da Arca da Aliança [Êxodo 25:18], à serpente de bronze do deserto [Números 21:8] e aos querubins que ornamentavam o Templo de Salomão [I Reis 6:23].


















Arca da Aliança com os dois querubins sobre a tampa


































Serpente de bronze levantada no deserto por Moisés


Há certo ditado que diz que um texto sem contexto vira pretexto. Nada mais certo. Sobre os querubins em cima da tampa da Arca da Aliança, tratava-se de uma escultura dupla, em que um querubim ficava de frente para o outro, cruzando suas asas. Tal escultura era de ouro, como o restante da Arca. Contudo, o povo não se prostrava perante “os querubins” e os “reverenciava”, porque tal prática era abominável diante de Deus.

A serpente de bronze geralmente é o principal argumento para respaldar a veneração [culto] às imagens de escultura. Porém, poucos prestam atenção a alguns pontos: 1. A serpente prefigurava [simbolizava] Jesus, já que a serpente de bronze foi erguida num madeiro, como Cristo na Cruz, e acontecia que, todo aquele que olhasse para ela, ficava curado da picada das serpentes ardentes do deserto, como o homem é curado de seus pecados, quando aceita [“olha para”] o Sacrifício de Cristo na cruz [“madeiro”]; 2. Em nenhum momento vemos que Deus mandou os filhos de Israel se prostrarem diante da imagem da serpente, mas somente olhar para ela; e por fim, 3. Deus mandou destruir a imagem da serpente de bronze, porque essa se tornara objeto de culto dos filhos de Israel, anos mais tarde, depois que entraram em Canaã [II Reis 18:4]. Preciso falar mais sobre a serpente de bronze?

Sobre os querubins que ornamentavam o templo construído por Salomão, essa era a função mesmo deles: ornamentar, enfeitar, embelezar, deixar o ambiente com ares de local sagrado. Em nenhum momento Deus mandou que Seu povo se prostrasse [se ajoelhasse] diante dessas esculturas. E nunca eles fizeram isso. A intenção de Salomão não era que as esculturas fossem objetos de culto, como não eram.

É triste ver milhares de pessoas devotando suas vidas a uma divindade que nada pode fazer por elas. Uma divindade que precisa que homens a carreguem para cima e para baixo, porque se não, não sai do lugar, pois tem pés, mas não anda.

O pastor foi intolerante? Sim, ele foi. Mas no melhor sentido da palavra. Pois ele não tolerou que tantas pessoas se afastassem de Deus, conduzidas ao erro, sob pretexto de continuarem servindo a Deus.

Espero que você não se entristeça comigo, porque quis tão somente abrir-lhe os olhos, caso você acredite na proteção desta “senhora”.

“Feliz é a Nação cujo Deus é o Senhor”. Salmos 33:12
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