quarta-feira, 4 de setembro de 2013

AS BASES DO CRISTIANISMO

O peixe, segundo registros históricos, foi o primeiro símbolo cristão.
Antes de qualquer coisa, saiba que este estudo tem por base teórica (e espiritual) a Bíblia Sagrada, com eventuais contribuições de outras fontes, desde que estas não confrontem diretamente o que Deus diz em Sua Palavra (cf. Atos 4:19b).

E por que a Palavra de Deus? Porque ela, mesmo com todos os ataques sofridos durante milênios, continua incólume, transmitindo certeza e sendo comprovada no cotidiano do Homem: quer individualmente, quer no contexto geral da Humanidade, por meio do cumprimento das profecias nela contidas.

Posto isto, podemos prosseguir em nossa jornada, pretendendo alcançar nosso alvo: Saber em que se baseia a maior religião mundial, a saber, o Cristianismo. Que bom que você está conosco nesta jornada. Ponha no seu coração a intenção de chegar até o fim e peça para que Deus, por Seu Espírito Santo, confirme se o que é afirmado a seguir é ou não verdade. Vamos lá?

1. Quando surge o Cristianismo?

Não há dúvida nem divergências no que tange ao fato de o Cristianismo ser uma religião propagada pelos discípulos de Jesus Cristo, baseado no que o Nazareno ensinou. A pergunta que fazemos é: Quando começou, de fato o Cristianismo?

Lucas, autor do livro de Atos dos Apóstolos, como um bom historiador, faz menção ao fato da primeira vez em que os seguidores de Jesus foram chamados de “cristãos” (veja Atos 11:26). A ocasião era a propagação da mensagem de Cristo aos gentios[1], em Antioquia.

O ano preciso é difícil ser estabelecido, contudo, há uma aproximação, já que a primeira vez em que os discípulos foram chamados “cristãos” – aqueles que seguem a Cristo – foi após a conversão do Apóstolo Paulo, que aconteceu ainda nos primeiros anos após a crucificação, morte, ressurreição e ascensão de Jesus aos céus; provavelmente, entre 30 e 40 d.C., portanto, antes da metade do primeiro século da Era Cristã (Século I d.C.).
   
Saliente-se que, dado o contexto de perseguição sofrida pelos seguidores de Jesus, é óbvio que a alcunha de “cristãos” deveria estar carregada de sentido pejorativo.

2. Quais os primeiros líderes do Cristianismo?

O Novo Testamento responde a essa pergunta a partir do livro de Atos dos Apóstolos, que registra os primeiros passos da recém-criada religião cristã.

Cristo não delegou a ninguém o cargo de Chefe de Sua Igreja, mas Sua ordem expressa foi: “Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mateus 28:19). É uma clara ordem de que toda e qualquer pessoa possa pregar a Mensagem do Amor de Deus a toda criatura (cf. Marcos 16:15).

Então, Pedro não seria o primeiro líder cristão? Sim, Pedro e todos os demais discípulos. É interessante o diálogo entre Jesus e Pedro, após a ressurreição do Mestre. Jesus pergunta três vezes se o Apóstolo O ama, e este responde afirmativamente às três vezes em que é questionado. Jesus, então, diz: “Apascenta as Minhas ovelhas” (João 21:17).

Isso confirma ser Pedro a “Pedra Fundamental” da Igreja de Jesus? Primeiro, vamos ao texto bíblico. Diz o trecho, ipsis litteris (literalmente):

Disse-lhes Ele [Jesus]: E vós, quem dizeis que Eu sou?
E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas Meu Pai, que está nos céus.
Pois também Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
(Mateus 16:15-18 – grifos meus)

O texto acima mostra o diálogo entre Jesus e Seus discípulos sobre quem seria o Mestre para eles. Pedro, revelado por Deus, diz que Jesus seria o Cristo (ou, no contexto judaico, o Messias esperado pelos hebreus), o Filho do Deus Vivo. Ao que, diante de tal afirmação espiritual, Jesus chama Pedro pelo seu nome e diz que edificará a Sua Igreja sobre aquela “pedra”, que não é o Seu discípulo, mas o que ele havia afirmado – isto é, uma Verdade Fundamental, a saber, que Jesus é “o Cristo, o Filho do Deus Vivo”. Para se comprovar isto, basta fazer uma interpretação textual. Isto pode ser comprovado paralelamente nas palavras do Evangelista João (cf. I João 4:15 e João 3:16). Se Jesus tivesse se referido a Pedro como “a pedra” sobre a qual Ele (Jesus) edificaria a Sua Igreja, teria dito algo como: “Tu és Pedro e sobre ti edificarei a Minha Igreja”. É forçar a lógica uma interpretação diversa desta.

Qual seria a “Pedra Fundamental” da Igreja de Cristo? A “Pedra Fundamental” é aquela que baseia toda a Igreja, isto é, na qual o Corpo de Cristo está alicerçado. Esta pedra fundamental pode ser um homem comum? Paulo diz aos romanos: “seja sempre Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso” (Romanos 3:4).

Logo, a Pedra Fundamental da Igreja não pode ser um homem, mas tem de ser alguém Verdadeiro. E quem tem a Verdade, ou melhor dizendo, é a Verdade? O Próprio Jesus nos responde: “Eu Sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida” (João 14:6 – grifo meu). Consequentemente, a Pedra Fundamental só pode ser o Meigo Nazareno.

De fato, é o que nos ensina o Apóstolo Paulo quando diz: "Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo." (I Coríntios 3:11 – grifos meus). Não é preciso ter formação em teologia para entender que Paulo diz claramente que não há outro fundamento (base) da Igreja a não ser o Próprio Jesus Cristo. Assim sendo, a “Pedra Fundamental” é Jesus Cristo, a “Pedra rejeitada” pelos judeus (cf. Salmos 118:22; Mateus 21:42; Atos 4:11).

Em nenhum escrito neotestamentário[2] há menção a um dos discípulos de Jesus como líder máximo de Sua Igreja. Lembrando que desses Apóstolos, seis são autores de livros do Novo Testamento – Mateus, João, Pedro, Paulo, Tiago e Judas (estes irmãos de Jesus, cf. Marcos 6:3).

Em Atos dos Apóstolos, capítulo 15, temos o primeiro concílio[3] para deliberar sobre assuntos polêmicos, como, por exemplo, se deviam ou não os novos convertidos ao Cristianismo serem circuncidados (como no Judaísmo). O concílio, que aconteceu em Jerusalém, decidiu que as únicas ordenanças aos novos convertidos absterem-se de coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue e da prostituição (cf. Atos 15:29).

Logo, não podemos falar em líder máximo do Cristianismo no contexto neotestamentário, pois cada apóstolo desempenhava um papel fundamental de apascentar o rebanho do Senhor Jesus (a Igreja). Neste sentido, veja que Paulo tem um papel fundamental, o de doutrinar (ensinar) as igrejas[4], por meio de suas epístolas (cartas). Somente de Paulo, há treze escritos doutrinários!

3. Um breve histórico do Cristianismo

O Cristianismo continuou sendo ferozmente combatido pelos imperadores romanos – além de enfrentar a oposição dos judeus, quando estava surgindo em Jerusalém. Os livros de História são pródigos em relatar a perseguição romana aos primeiros cristãos: estes eram presos, torturados, jogados aos leões em pleno Coliseu lotado de espectadores, queimados vivos, entre tantas outras atrocidades feitas a eles.

Logo, diante desse cenário, é impossível afirmar que houve uma Igreja, como instituição religiosa forte, fundada em Roma. Saliente-se que não se afirma que não tenham existido cristãos romanos. Claro que houve, tanto é que o Apóstolo Paulo escreveu uma epístola a eles, ainda no primeiro século. Mas não se pode falar em uma instituição religiosa, senão um grupo de irmãos que partilhavam da mesma fé no Senhor Jesus.

Essa perseguição ferrenha perdurou das primeiras décadas da Era Cristã até o século IV, quando o imperador romano Constantino decide, após dizer-se convertido ao Cristianismo, acabar com a perseguição aos cristãos, por meio do Edito de Milão, no ano de 313 d.C. No fim do mesmo século, haveria a proclamação do Cristianismo como sendo a religião oficial do Império Romano.

Isso foi bom para o Cristianismo? Deixemos que a própria História mostre-nos se a decisão de tornar a religião cristã como a oficial do Império Romano foi ou não benéfica ao Cristianismo. Bom lembrarmos que, historicamente, é no século IV que nasce a Igreja Católica Apostólica Romana, tal qual instituição religiosa.

Ninguém pode apontar uma prova sequer que a instituição romana tenha surgido antes do século IV d.C. A Igreja Católica nasce como instituição quando o imperador romano Teodósio I, no fim do referido século, determina que o Cristianismo seria a religião oficial do império. É neste momento que o Bispo de Roma começa a arrogar para si a primazia sobre toda a Cristandade.

Seguem-se, após a institucionalização da Igreja Católica Romana, uma série de criações doutrinárias, no mínimo, estranhas à Palavra de Deus, senão, vejamos a tabela abaixo, que lista o ano e o dogma criado:

Ano (d.C.)
Dogma
313
O imperador Constantino ordena a observância do domingo, contrariando a Bíblia que manda guardar o sábado (cf. Êxodo 20:8-11).
325
O mesmo Constantino institui a guarda da sexta-feira santa com jejum.
380
A reza pelos mortos é introduzida na Igreja, quando a Bíblia diz que não adianta tal prática porque, ao morrer, o homem vai a juízo (Hebreus 9:27).
590
Gregório, o Grande, cria a doutrina do purgatório, lugar para onde iriam os mortos para ser purificados de seus pecados, ensino que não se encontra de Gênesis a Apocalipse.
607
O imperador Phocas concede a primazia sobre toda a cristandade ao bispo de Roma, nascendo assim o papado, isto é, a liderança cristã exercida por um só homem: o Papa.
757
A invocação à Virgem Maria e a outros santos é ordenada, sob pena de anátema (expulsão da Igreja), contrariando a Bíblia que nos diz para não consultarmos os mortos (cf. Levítico 19:31; 20:6,27; Deuteronômio 18:11; Salmos 88:10; 115:17; veja também Isaías 8:19).
787
É estabelecido o culto às imagens e a adoração da cruz e das relíquias (supostos restos mortais dos santos), sendo tais práticas condenadas pela Palavra (leia Êxodo 20:3-5; Salmos 115:4-8).
1003
É instituída a comemoração do dia dos mortos (dia de finados), também sem nenhuma aprovação bíblica.
1074
É instituído o celibato obrigatório, significando que o sacerdote (padre) não pode se casar, não sendo o que diz a Bíblia (cf. Gênesis 2:24; Mateus 19:4-6).
1160
É ordenada a canonização dos santos, pela qual, por vontade de um homem, outro é elevado à posição de “santo”, sendo que santo é todo aquele que aceita ao Senhor Jesus e se separa do pecado (veja 1 Pedro 1:15,16).
1215
São impostos a confissão auricular (feita ao ouvido) e o oficio da missa em latim.
1229
É proibida a leitura da Bíblia pelo Concilio de Tolosa (leia o que diz a Bíblia em João 5:39).
1317
O Papa João XXII ordena a oração da Ave-Maria, a qual não existe na Bíblia, existindo apenas a oração-modelo do Pai Nosso (cf. Mateus 6:9-13).
1390
Torna-se comum a prática da venda de indulgências (perdão dos pecados, mediante sacrifícios do fiel, dentre os quais, doação de terras).
1478
É estabelecida a Inquisição, que “julgava” e condenava os “hereges”, dentre os quais, os que não fossem cristãos católicos.
1563
O Concílio de Trento estabelece que a Tradição é tão importante quanto as Escrituras, quando na verdade, Jesus censurou os fariseus por pensarem assim. No mesmo concílio, os livros apócrifos (sem inspiração divina) são oficialmente incluídos no Cânon (a Bíblia), junto com o Antigo Testamento.
1854
O Papa Pio IX proclama o dogma da imaculada conceição de Maria, ou seja, ela teria sido concebida sem a mancha do pecado original, quando diz a Bíblia que só Jesus nasceu de tal forma (leia Eclesiastes 7:20; Romanos 3:10; Hebreus 4:15).
1870
É declarada a infalibilidade papal, ou seja, o papa é um homem que não falha jamais em suas decisões (O que diz a Bíblia? Números 23:19).

Não é de se estranhar que, após séculos de inovações teológicas não recepcionadas pela Palavra de Deus, houvesse um movimento dentro da própria instituição católica exigindo mudanças que cominassem no retorno ao caminho bíblico. Neste sentido, homens, ao longo da história eclesiástica, tentaram promover a expurgação de práticas contrárias à Bíblia.

Dentre esses que tentaram revolucionar a Igreja, a historiografia destaca alguns, como John Wycliffe (no século XIV) e João Huss (no século XV), que precederam a chamada Reforma Protestante. Esta, que também visava uma “reforma” doutrinária – daí o porquê da expressão – na Igreja Católica Romana, foi promovida a começar com o monge agostiniano Martinho Lutero, na Alemanha, e seguindo-se pela Suécia, França, Países Baixos e outras partes da Europa, no século XVI.

A cúpula católica romana não respondeu favorável à proposta de “reformar” sua estrutura doutrinária, reagindo com a chamada Contrarreforma, punindo ferozmente a quem era tido como herege, isto é, aqueles cristãos que ousassem dar ouvidos aos ensinos dos reformadores. Desta forma, a Igreja Católica Romana escreveu uma das páginas mais sangrentas da História da Humanidade: a morte de muitos cristãos pelo Tribunal da Santa Inquisição, punindo assim quem não praticasse os ensinos da instituição romana. Não há como não comparar a perseguição sofrida por cristãos primitivos pelo Império Romano com a que sofreram cristãos que não aceitavam os dogmas católicos romanos (ressalte-se: dogmas estes não fundamentados na Palavra de Deus).

Poderíamos continuar a escrever linhas e mais linhas sobre o supracitado período, em que houve intensa perseguição aos cristãos que discordassem com a Igreja sediada em Roma. Mas não podemos deixar de fazer um paralelo dessas perseguições aos cristãos. No período da Igreja Primitiva, os cristãos eram perseguidos pelos romanos. Quem perseguia os cristãos na Idade Média, por meio do Tribunal da Santa Inquisição? A Igreja Romana.

É natural que, sob séculos de paganismo, Roma viesse também a influenciar o Cristianismo, na sua vertente católica. Isso é amplamente verificável na historiografia. Houve uma cristianização do paganismo, semelhante ao sincretismo religioso observado aqui, no território brasileiro, quando do período escravista[6]. No paganismo, cada cidade tinha seu deus guardião; no catolicismo, cada cidade é guardada por um santo. Há como não notar alguma semelhança?

Após a Reforma Protestante, houve mais uma divisão no Cristianismo[5], e uma tentativa de retorno às práticas bíblicas, características dos cristãos primitivos. Neste contexto, nascem as chamadas Igrejas Históricas – Luterana, Anglicana, Presbiteriana, Congregacional etc. –, inspiradas nos ensinos dos reformadores – Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio, João Calvino dentre outros. Dessas, mais tarde, nascem as igrejas oriundas do Movimento Pentecostal, acontecido no começo do século XX, nos Estados Unidos – Congregação Cristã do Brasil, Assembleia de Deus, ambas as pioneiras pentecostais em solo brasileiro, fundadas em 1910 e 1911, respectivamente. Ainda no Brasil, pode-se citar a “segunda onda pentecostal”, com a fundação de Igrejas como a Deus é Amor, e a “terceira onda pentecostal”, representada por denominações como a Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e a Renascer (entre as décadas 1970 e 80), com enfoque na Teologia da Prosperidade, oriunda dos Estados Unidos.

Posto isto, sigamos ao ponto principal de nosso estudo: As bases do Cristianismo.

4. Então, quais as bases do Cristianismo?

Por todos os pontos acima suscitados, é fácil enxergar que as bases do Cristianismo não estão em Roma, mais especificamente na instituição Católica. Não precisa ser cristão protestante ou evangélico[7] para saber disso; a História é farta em registros escritos sobre o assunto. Então, onde estão e quais as bases da religião cristã?

Pensemos no seguinte: Se Jesus viveu num contexto judaico, praticando os ritos religiosos dos judeus, obedecendo os preceitos guardados por seus compatriotas, não é difícil entendermos que a mensagem do Cristo estava alicerçada no Judaísmo. Ora, Jesus cita a Lei e os Profetas – em outras palavras, os escritos que têm autoridade de fé para os judeus – para contextualizar Seus ensinos. É desta forma por todos os quatro Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João).

O Deus revelado nas primeiras palavras do livro de Gênesis (primeiro livro do Pentateuco[8]) é o mesmo a quem Jesus refere-Se em Suas palavras como Pai. Não há que se falar em outra divindade adorada pelos judeus. Este Deus, chamado de Iavé[9], é a Divindade única a Quem os compatriotas do Carpinteiro de Nazaré atribuem a criação do Universo (cf. Gênesis 1). É o mesmo Deus que o Evangelista João assegura que, por amar o mundo de tal forma, enviou Seu Único Filho para salvar a todo que n’Ele crer (cf. João 3:16).

Estabelecido isso, analisemos no que crê o povo hebreu. O Judaísmo tem características que o distingue da grande maioria das religiões sobre a Terra. O judeu crê que há um Único Deus, revelado nos textos sagrados do livro de Gênesis, cuja autoria é atribuída a um de seus patriarcas: Moisés. Nos cinco primeiros livros – chamado Pentateuco –, Iavé Se revela e estabelece que, não havendo outro deus além d’Ele, se há adoração a outra divindade, fica configurado o pecado de idolatria[10].

Outra coisa que deve ficar bem clara é que a religião judaica não tem representação de seu Deus por meio de imagens de escultura. No contexto em que Iavé Se revelou ao primeiro patriarca hebreu, Abraão[11], reinava o paganismo. Deus, então, proíbe o Seu povo, que acabara de tirar do Egito, de fazer imagens de escultura (cf. Êxodo 20:3-5).

E quanto à “serpente de metal” e aos “querubins do Templo de Salomão”? Nenhuma das duas espécies de esculturas foi autorizada por Deus com finalidade de adoração, veneração. Senão, vejamos: a serpente de metal[12] começou a ser adorada pelos hebreus, sendo quebrada pelo rei Ezequias, que restabeleceu o culto a Deus (II Reis 17:4). Aquela serpente deveria ter sido destruída já no deserto e não ser levada, como o foi, para a Terra Prometida.

Concernente aos querubins esculpidos no Templo de Salomão (cf. I Reis 6:29), estes faziam parte de uma ornamentação, não eram objeto de culto ou de veneração. Não há relato de adoração dos judeus a essas figuras, tampouco ordem de Deus no sentido de destruir esses entalhes por causa da idolatria a eles. A adoração judaica, desde sua gênese, não precisa de representação física, pois a adoração é a um Deus invisível[13] (cf. João 4:24).

Assim sendo, os primeiros cristãos mantiveram essa premissa de adoração a Deus por meio da fé, sem necessidade de representação corpórea (escultura), pois sabiam da proibição divina à idolatria por todas as Sagradas Escrituras, que foram recepcionadas sem restrições no que tange à autoridade divina. Fato este comprovado pelas diversas citações do próprio Cristo e de Seus discípulos de personagens e relatos contidos no que hoje conhecemos por Antigo Testamento. Se Jesus e os Apóstolos citaram os escritos veterotestamentários, quem pode dizer que o Antigo Testamento não tem autoridade quando o assunto é adoração ao Eterno?

5. O que podemos deduzir?

Pelo exposto acima, vemos que o Cristianismo tem como base o Judaísmo, sobretudo os Escritos Sagrados ao que corresponde o Velho Testamento, onde o Único Deus Se revela, rejeitando qualquer representação física d’Ele, como objeto de adoração.

Outrossim, a religião baseada nos ensinos de Cristo tem fundamentos bem explicitados em um de seus mais conhecidos credos, que diz:

Cremos em um só Deus, Pai, Todo-Poderoso, Criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz da Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito Santo e da Virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob Pôncio Pilatos, e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras, e subiu aos céus e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim.
E no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e do Filho, que com o Pai e o Filho conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas. E na Igreja una, santa, católica e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém. (Credo de Niceia, 325 d.C., revisado em Constantinopla, em 381 d.C.)

Um ponto a ser considerado no credo transcrito acima é que a “Igreja una, santa, católica e apostólica” não é o mesmo que Igreja Católica Apostólica Romana. Una diz respeito ao aspecto de que, enquanto seguidores de Jesus, os constituintes da Igreja, fazem parte de um corpo místico, “unidos” em um só propósito. “Santa” porque é separada por Deus, sendo, por isso, diferente dos demais povos da Terra. Católica (do grego, “katholikos”, significa universalgeral) diz respeito à Igreja de Cristo ser Universal, Total e não em partes. Por fim, “apostólica” referencia os escritos dos apóstolos cristãos como autoridade sobre a fé da Igreja – salientando que Jesus não deixou nenhum escrito de próprio cunho.

Concluindo, se tratamos de Igreja de Cristo, esta deve estar submetida ao que o Filho Deus determinou em Seus ensinos, escritos por Seus discípulos, tendo como base o Antigo Testamento. Igreja alguma tem autoridade para mudar os mandamentos de Deus, pois ela (a Igreja) não é cabeça, mas o “corpo”, do qual a “cabeça” é Cristo (cf. Efésios 4:15; 5:23). O que precisamos saber sobre matéria de fé já está determinada por Deus em Sua Palavra, a saber, no Antigo e Novo Testamentos.

O que precisamos saber é que Deus nos amou de uma forma tal que nos deu Seu Único Filho, que Se encarnou, nascendo de uma virgem, pelo poder do Espírito Santo; este Deus encarnado morreu na cruz do Calvário, cumprindo toda a Justiça Divina, morrendo por nossos pecados, ressuscitando ao terceiro dia, e ascendeu aos Céus, onde está à destra de Deus, intercedendo por nós, sendo o Único e Suficiente Mediador entre nós e o Pai (cf. I Timóteo 2:5). Como sabemos disso? O Espírito Santo que comunica ao nosso coração que tudo isso, contido no Evangelho de Deus, é verdade!

Que Deus Pai te abençoe e revele, por Seu Espírito Santo, a Sua vontade para tua vida, em nome de Jesus Cristo, Seu Filho Bendito. Amém.


____________________
JOSÉ VALDEMIR ALVES
Cristão da Assembleia de Deus em Rua Nova, Belém, Paraíba
Professor da Escola Bíblica Dominical
Professor na rede pública de ensino
Licenciado em História pela Universidade Estadual da Paraíba
Pós-graduado em Educação de Jovens e Adultos na modalidade Profissionalizante (ProEJA) pela Universidade Federal da Paraíba
Acadêmico do curso de Direito na Universidade Estadual da Paraíba

NOTAS:

[1] Gentio é toda pessoa que não é judia, ou seja, a pessoa que não segue o Judaísmo. No começo do Cristianismo, havia uma discussão sobre se o Evangelho devia ou não ser propagado fora do contexto judaico.
[2] Neotestamentário (do grego, “neo” = novo) é o que diz respeito ao Novo Testamento.
[3] Reunião com os líderes da Igreja para decidirem sobre assuntos religiosos.
[4] “Igrejas”, no plural, indica as comunidades cristãs (cf. Atos 9:31; Romanos 16:4).
[5] Não esquecendo a chamada “Grande Cisma do Oriente”, isto é, evento que separou definitivamente a Igreja Católica Apostólica em Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa, ocorrido no século XI, mais especificamente no ano de 1054, na cidade de Constantinopla.
[6] Os escravos, proibidos de cultuar suas divindades (orixás), praticavam o culto a essas nas figuras de santos católicos (p. ex., Iemanjá era adorada na figura de Nossa Senhora da Conceição – o que acontece até os dias de hoje).
[7] A distinção básica entre “protestante” e “evangélico” é que o primeiro é adepto de alguma igreja histórica – aquela advinda da Reforma Protestante, daí o porquê do termo – e o segundo é adepto de uma das igrejas originadas das históricas (tradicionais) – entre elas, as pentecostais e neopentecostais.
[8] Pentateuco (do grego, “os cinco rolos”) é a coletânea de cinco livros cuja autoria é atribuída a Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
[9] Iavé seria uma aproximação fonética do nome original do Deus Único revelado nos escritos hebraicos. O nome original é um tetragrama (composição de quatro letras): YHVH. As primeiras traduções para o português traduziram o tetragrama como “Jeová”.
[10] Idolatria é uma junção dos radicais gregos “eidolon” (“coisa vã”, no contexto judaico) e “latreia” (“adoração”). Logo, idolatria seria “adoração a coisa vã, coisa nenhuma, coisa sem valor”.
[11] Abraão morava em Ur dos Caldeus (cf. Gênesis 11:31), cidade a 160 km de Babilônia (território que corresponde, atualmente, ao Curdistão), quando Deus o chamou para conduzir-lhe à Terra Prometida (Canaã). Abraão vivia em meio ao paganismo (adoração a diversas divindades), e talvez por isso Deus não Se apresente corporalmente, para não ser representado em imagens de escultura, ficando Sua adoração condicionada à fé do adorador.
[12] Pelo pecado de murmuração dos hebreus, Deus faz serpentes surgirem no deserto para mordê-los. Com a intercessão de Moisés, Deus Se apieda deles e ordena a Moisés que faça uma serpente de metal e a ponha sobre uma haste para que, todo aquele que para ela olhasse, fosse sarado (Números 21:4-9). Essa serpente de metal é uma tipologia do que Jesus fez por nós, nos curando do “veneno” do pecado, tendo fé (“olhando”) no que Ele fez na cruz do Calvário, sendo erguido no madeiro, como aquela serpente no deserto (cf. João 3:14).     
[13] Lembrando que os judeus não creem que Jesus é encarnação do Verbo de Deus, o Eterno Deus feito homem (cf. João 1:11,14), o que também não autoriza a ninguém uma representação em escultura do Meigo Salvador.


REFERÊNCIAS:

1. Quando surge o Cristianismo?

Paulo de Tarso In Wikipedia. Disponível em: Acesso em 31 de julho de 2013.


3. Um breve histórico do Cristianismo

Perseguição aos cristãos. In Wikipedia. Disponível em: Acesso em 31 de julho de 2013.

Epístola Histórica. In A Epístola – Edição Agosto de 2005. Blog A Epístola. Disponível em: Acesso em 09 de agosto de 2013.

Reforma Protestante. In Wikipedia. Disponível em: Acesso em 09 de agosto de 2013.


5. O que podemos deduzir?

Credo de Niceia. In Teologia Calvinista. Disponível em: Acesso em 12 de agosto de 2013.


Citações bíblicas:

Bíblia Sagrada. Tradução para o Português por João Ferreira de Almeida (Corrigida e Fiel ao Texto original). Versão digital (freeware) 6.7. Programado por: Marcelo Ribeiro de Oliveira, Maio/2010.



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